À 24ª jornada, depois de 99 dias de privação, os protagonistas tomaram, por fim, o lugar dos figurantes. E mais do que o FC Porto, ganhou o espectáculo. Até mesmo o mediático, porque ainda está para nascer argumentação, mais ou menos mirabolante, que possa equiparar-se a um golo de Hulk. Ou a duas assistências do mesmo.
O cabeceamento de Rolando, capturado num gesto instintivo de Bruno Vale, antes mesmo de concluído o segundo minuto, foi mais do que um sinal. Levava com ele um prenúncio do que estava para vir, de uma supremacia absoluta manifestada em múltiplas variações, desde o arranque explosivo de Hulk, aos movimentos imprevisíveis de Falcao ou ao trabalho incessante de Meireles e Micael.
A aproximação à vantagem produziu uma série intensa de ensaios, que Bruno Vale protelou repetidamente, fosse a remate de Falcao ou na sequência da ascensão de Bruno Alves. O golo, adiável mas não inevitável, seria apontado pelo intérprete do primeiro teste. Aos 40 minutos, de cabeça, como na primeira revelação, Rolando colocava o FC Porto na frente.
Numa exibição crescente, em termos de ritmo e qualidade, o Dragão surgiu ainda mais forte do intervalo. E voltou a marcar. Mas, desta vez, sem aviso, num remate soberbo de Hulk, num género «marca registada» que um absurdo disciplinar subtraiu à Liga 99 dias a fio, portento de força e colocação, que nem Bruno Vale nem a Comissão Disciplinar poderiam travar.
Generoso e com uma enorme sede por satisfazer, Hulk adoçou o espectáculo e acrescentou mais uma assistência à estatística pessoal. Depois do livre transformado com rigor para o primeiro golo, serviu o terceiro a Falcao em forma de cruzamento, na ponta final de uma sequência de dribles inebriantes, à direita. E outro teria servido, praticamente do mesmo lugar, se, já no último suspiro do encontro, a equipa de arbitragem não tivesse descortinado na superior capacidade física do brasileiro uma falta que não existiu.
Ao longo de mais de três meses houve Liga sem Hulk, o campeonato sobreviveu à ausência do brasileiro, mas não foi o mesmo, pois não? A amostra de uma hora e meia de jogo não deixam mentir.
FICHA DE JOGO
Liga, 24ª jornada
28 de Março de 2010
Estádio do Restelo, em Lisboa
Árbitro: Paulo Baptista (Portalegre)
Assistentes: José Braga e João Pedro Ferreira
4º Árbitro: André Gralha
BELENENSES: Bruno Vale; Mano «cap», Mustafa, Marcos António e Tiago Gomes; Gabriel Gomez, Barge, Celestino e Miguelito; Yontcha e Lima
Substituições: Tiago Gomes por Fajardo (46m), Yontcha por José Pedro (54m) e Barge por André Almeida (63m)
Não utilizados: Assis, Cândido Costa, Beto e Pele
Treinador: António Conceição
FC PORTO: Helton; Miguel Lopes, Rolando, Bruno Alves «cap» e Alvaro Pereira; Fernando, Guarín, Rúben Micael e Raul Meireles; Hulk e Falcao
Substituições: Raul Meireles por Belluschi (65m), Rúben Micael por Valeri (86m)
Não utilizados: Beto, Fucile, Maicon, Farias e Orlando Sá
Treinador: Jesualdo Ferreira
Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Rolando (40m), Hulk (51m) e Falcao (84m)
Disciplina: nada a assinalar
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