terça-feira, 18 de outubro de 2011

De Pero Pinheiro para a Champions

O FC Porto lá aviou o Pero Pinheiro com oito golos sem resposta. Goleada das grandes, pensarão alguns e eu concordo. Não é todos os dias que se marcam oito e nem o facto de ter sido o Pero Pinheiro, essa potência, a sofrê-los minimiza a proeza. Os golos são a festa do futebol e a Taça de Portugal é a festa do futebol cá do burgo. E é preciso não esquecer que ganhá-la este ano assume contornos históricos pois será uma inédita quarta vitória consecutiva na prova. A trilhar rumos novos num palmarés que se quer cada vez mais recheado.
Do jogo, pouco fica para contar aos netos a não ser os quatro golos de Walter. Há quem continue a chorar a sua não inscrição na Champions, mas o certo é que um poker ao Pero Pinheiro vale menos do que uma bola ao poste contra o Apoel. Há que relativizar, embora continue a achar no mínimo estranho que não tenhamos inscrito dois pontas de lança na Europa, por mais trapalhão e irregular que um deles seja.
Só a título de curiosidade, o FC Porto já não marcava oito golos desde que despachou o Barry Town numa pré-eliminatória da Champions em 2001/2002, época em que o banco era ocupado por essa sumidade chamada Octávio Machado. Pena foi que até ir embora Octávio tenha conseguido que o FC Porto marcasse pouco mais dos que os oito aos coitados dos irlandeses. E por falar em Champions dessa época, lembro-me muitas vezes de um jogo em casa com o Sparta de Praga que perdemos 0-1 graças a um frango do Paulo Santos e a à genialidade táctica de Octávio ao colocar como único avançado Paulo Costa, pouco mais do que 1,60m de gente, no meio de torres com mais 30 centímetros do que ele. Porquê e quando me recordo disto, perguntam vocês? Sobretudo quando ouço o próprio Octávio apregoar-se bom treinador e queixar-se que não singrou no FCP porque Pinto da Costa e mais 8000 factores não deixaram. Depois rio para não chorar e passa-me. Mas divirto-me sempre, garanto.
De Pero Pinheiro há ainda a reter Iturbe. Se Messi se estreou pelo Barcelona no jogo de inauguração do Dragão, honra seja feita aos blaugrana por lhe terem escolhido tão digno padrinho, Iturbe foi lançado pela primeira vez contra o Pero Pinheiro, clube que duvido saiba soletrar naquele seu arranhado, mas curioso, sotaque argentino/paraguaio. E se muito o queríamos ver jogar, mais o queremos ver recuperar depressa de uma inoportuna e azarada lesão no cotovelo. Só em 2012, dizem os jornais. Temos tempo que o rapaz é novo e futuro não lhe falta.
Siga a Taça de Portugal em frente, que agora venha um clube dos escalões secundários para ajudarmos mais um emblema pequeno a equilibrar as contas, que temos Champions já amanhã. Quem diria que o APOEL seria a prova de fogo que iria testar a nossa capacidade de seguir em frente? Poucos, talvez, mas a verdade é que temos que conquistar seis pontos na jornada dupla frente aos cipriotas que um dia apanharam 16 do Sporting ou correremos sérios riscos de sermos relegados para a Liga Europa, o que nem seria mais ideia pois teríamos fortes possibilidades de a conquistar pelo segundo ano consecutivo, algo que, se não me falha a memória, seria um feito inédito no historial daquela já foi Taça das Cidades com Feiras e Taça UEFA.
Finalmente a selecção. Ou melhor, aquele amontoado de jogadores com camisolas da cor de Portugal. Foi uma derrota bem encaixada a da Dinamarca. Sobretudo porque os que elevaram Paulo Bento à categoria de génio ficaram a conhecer as suas limitações. Que são muitas. E também perceberam que Cristiano Ronaldo não é tudo por muito bom que seja, e ele é. Já disse isto umas 5000 vezes, pelo menos, aos que criticam Ronaldo por não dar um chavo na selecção: ponham-no a jogar no Olhanense e, quanto muito, verão os algarvios subir um ou dois lugares na classificação; integrem-no no FC Porto e ele ajudar-nos-á a ser campeão todos os anos com 20 pontos de avanço. O que é que isto quer dizer? Que um jogador não faz uma equipa mas uma equipa pode fazer um jogador. E Cristiano Ronaldo joga num Real Madrid recheado de classe, como o era o Manchester United onde antes alinhou. Na selecção de Portugal, é apenas a estrela de uma companhia onde poucos são os artistas que ultrapassam a vulgaridade. Sendo assim, caríssimos, não tenhamos ilusões: não poderemos ir muito longe. Já agora, só para rematar este texto que já vai longo, é bom lembrar que a história do futebol só ofereceu à memória um jogador que conseguiu carregar às costas uma selecção pouco mais do que normal: chamava-se Diego Armando Maradona e ganhou sozinho o Mundial de 1986.

PS: Confesso que também estive para escrever sobre as penas de prisão a que arriscam vários jogadores do FC Porto por causa dos incidentes no túnel da Luz. Mas os meus pais ensinaram-me a não levar os tolos a sério.

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