terça-feira, 8 de novembro de 2011

Para onde segue este navio chamado FC Porto?

Foi há precisamente um ano que o FC Porto nos banqueteou com um 5-0 ao Benfica que tirou dúvidas, se as então ainda havia, sobre quem era, de facto, o melhor da edição 2010/11 da I Liga (fosse a Liga Super Bock ainda assim a designava, Sagres é cerveja de meninas). Trezentos e sessenta e cinco dias depois, o panorama é agonizante. Transformou-se um sonho bonito num pesadelo de previsão longa e incerta.

Mantenho o meu apoio a Vítor Pereira, sim. Mas cada vez mais menos convicto, confesso. Porque os sinais dos últimos jogos são inquietantes e, sobretudo, porque a tranquilidade que o treinador deveria transparecer para o exterior, particularmente para os adeptos, é quase nula. Vê-lo festejar a obtenção de uma grande penalidade a um minuto do fim no jogo com o APOEL como se de golo da vitória na final da Champions se tratasse é algo que pode ser compreensível em todos os clubes menos no FC Porto. Ver o FC Porto consentir um golo ridículo logo a seguir a esse penálti é mais confrangedor ainda. E ouvir o treinador afirmar, no final da partida, que o FC Porto tinha jogado à FC Porto é um soco no estômago de alguém, como eu, que não gosta que lhe atirem areia para os olhos e o tomem por estúpido.

Pensava-se que os erros de Nicósia haviam servido de alguma coisa e seriam corrigidos frente ao Olhanense. Pura ilusão. O penálti falhado por Hulk ainda o relógio não chegara aos cinco minutos foi a mola que despertou outro jogo de requintes masoquistas. Olhão e Nicósia foram cópias de um futebol displicente, indigente, ausente de ideias, vago de liderança, vasto de absurdos e vazio de inteligência e discernimento.

Sei que é fácil bater quando as coisas não estão bem e que o treinador é sempre o primeiro alvo a abater quando as coisas correm pelo pior. Sei que são muitos mais os que agora pedem a cabeça de Vítor Pereira do que os lhe dirigem palavras de conforto. Mas o que mais preocupa é que o FC Porto apresenta actualmente o mesmo panorama das finanças públicas portuguesas e que Vítor Pereira é um Pedro Passos Coelho do futebol: ambos sabem que está tudo mal, mas quanto mais fazem para que a situação seja corrigida mais contribuem para que fique pior. Porque não sabem mais ou não têm liderança audaz que lhes permita saber converter um cenário dantesco.

Apoio o treinador, sim, repito. Mas não apoio, e que isso fique bem claro, que se assista de braços cruzados ao afundar do navio. Se as coisas se resolverem até ao último jogo de Dezembro e o navio der sinais que está a regressar à estabilidade, então Vítor Pereira continuará a ter todas as condições de prosseguir no banco do FC Porto. Se, pelo contrário, até essa data o navio continuar a caminhar em direcção ao fundo do mar, então o melhor para Vítor Pereira e, sobretudo, para o FC Porto, é que seja outro o treinador no início de 2012. Até lá, que sejamos portistas responsáveis e estejamos ao lado da equipa como se esta estivesse a realizar trajectória imaculada.

Há um ano, éramos primeiros porque éramos os melhores. Hoje, continuamos primeiros, é certo, mas somente porque somos os menos maus. Mas algo continua exactamente igual desde os 5-0 ao Benfica: 100 por cento dragões.

3 comentários:

  1. Excelente amigo Pedro, sem tirar nem colocar um ponto ou virgula. Parabens...

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  2. Pedro é como dizes não estamos satisfeitos mas temos de SER PORTO!! As tuas palavras são as de um verdadeiro Portista!! Abraço e obrigado mais uma vez pela tua dedicação a este blogue!!

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  3. Obrigado pelas vossas palavras. E não é dedicação mas sim um prazer colaborar neste blogue.

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